Traições e Desventuras - Capitulo II

Continuando aqui a saga do TRAIÇÕES E DESVENTURAS, um conto baseado em Vampiro: Idade das Trevas.
Para quem ainda não viu, começamos o capitulo I falando sobre as desventuras de Adelle de Montfort que podem ser vistas aqui.
Agora passaremos ao capitulo II desse material falando sobre a origem de outro personagem desse conto: Haveron Granchier.

Autora: Louise Lima
Colaboradora: Amly
Traições e Desventuras
Livro I
Capítulo II
Haveron Granchier

Talvez nunca entendamos a condição de mortos-vivos dos filhos de Caim. Desde Ennoia tem sido assim, noite após noite. Aceitar estes fatos é, sem duvida, mais fácil e menos revoltante.
            Haveron Granchier nasceu em 1217, num pequeno vilarejo próximo a cidade de La Rochelle. Segundo seus pais, o parto se deu numa pequena choupana, nas redondezas daquele vilarejo. Havia um bosque muito bonito e ele nasceu durante a noite, num parto longo e doloroso.
Sua infância não foi muito diferente da das demais crianças; sempre fora muito saudável e arisco quando criança. Alias, muito saudável e ele não pode negar que os outros sempre estranharam isso, afinal raramente adoecia e mesmo com epidemias de gripe ocorrendo no vilarejo continuava a brincar nos arredores de sua casa. Sempre deu muita dor de cabeça para os pais e as demais pessoas do vilarejo, mas apesar de ser irrequieto nunca se deu bem com pessoas e geralmente ficava só ou distante dos demais.
Haveron perdeu sua mãe com 15 anos, o pai com 23. Havia chegado aos 28 anos sem amigos e sem pessoas com quem contar. Em contra-partida, sempre se deu muito bem com os animais que, muitas vezes, eram mais seus amigos que os humanos.
Ele lembra perfeitamente como se deu o Abraço, uma lembrança amarga e maldita que o assombra todas as noites. Tinha acabado de fazer anos e havia se casado com Isabelot, uma das poucas pessoas que se entendia e gostava dele. Quando se conheceram, ficaram muito próximos devido a afinidade pelos animais  Ela possuia cabelos loiros e compridos e seus olhos eram verdes como duas esmeraldas. Era esguia e atlética, mas doce e calma. Estava contente e achava que estava tudo dentro da normalidade.
As Cruzadas aconteciam porque todos queriam mais terra e exaltavam um certo Jesus, também chamado de Cristo, em toda parte. Ataques bárbaros eram muito comuns em determinadas epocas do ano, principalmente após as colheitas. Haveron tinha capacidade de defender sua pequena cabana, sua esposa e seu amigos Aeroon e Aereen, seus cães mestiços. Aquele que chegasse próximo e ameaçasse seus dominios era seriamente punido por seu machado. Porém, não pôde fazer muito naquela noite...
Um bando bárbaro, vindo do norte, soube da excelente colheita da aldeia e atacou seu vilarejo. Eles tinham uma aparência animalesca e eram muito violentos, sendo pelo menos 20 ou 30. Suas espadas e machados saiam destruindo tudo que passava pelo caminho. Haveron conseguiu com bastente esforço dar conta de 5 ou 6, só que eles eram estranhamente resistentes e em grande número. Atacou até ser atingido por uma flecha no ombro, que o levou a desfalescer. Nada sobrou do vilarejo e de sua cabana. Isabelot desapareceu e ele não encontrou sequer seu corpo.
            Acordou com os cães ao seu lado, encostado a um salgueiro. Estava atordoado, mas as feridas haviam sarado. Naquele instante, viu apenas vultos e luzes. Aos poucos, recobrou os sentidos. Ele não gostou de saber que tinha sido levado ao povoado dos bárbaros. Uma pequena tribo de seres bestiais e animalescos, cercada de muitas árvores. Não sabia onde estava mas sabia que estava distante de casa, nas profundezas de uma floresta ou grande bosque. Ficou exaltado e procurou logo algo como uma adaga ou alguma coisa para se defender.
No entanto, sua presença era praticamente ignorada, exceto por alguns poucos que lhe olhavam com certo receio. Após algum tempo, com as forças recobradas, viu uma figura anciã dirigindo-se em sua direção. Ele possuia uma voz grave e forte, e sua aparência lembrava-me das histórias de homens que se pareciam com animais, que eram contadas pelos anciões da vila quando era menor. Ele deu um sorriso e disse que, a partir de agora as coisas seriam diferentes para mim e que eu havia sido escolhido por ele e por um Conselho local. Suas habilidades na batalha prévia tinham chamado a atenção deles e que ter matado alguns de seus carniçais era um feito notável.
            Não estava entendendo nada: “Carniçais? Conselho? Escolhido pelos anciões? Que história mais sem sentido!”, pensou. Nada naquele ponto fazia sentido e, talvez se soubesse o que o destino havia lhe reservado teria se matado ou pedido a morte pelos guerreiros da tribo.
- Calma, meu caro. Será um recomeço, uma nova chance para novos feitos. Tenha certeza de que, a partir de agora, sua "vida" será diferente. Você será capaz de coisas que, antes era incapaz! – O ancião disse.
Embora mais confuso e receoso, ele decidiu sair dali com o que restara de suas forças, mas foi um esforço em vão. Sentiu um enorme peso em suas pernas e caiu. O ancião tomou Haveron pelos braços e lhe Abraçou. Foi algo horrendo e pavoroso. Uma sensação de pavor e de prazer juntas, resultando em um confuso sentimento que, até hoje, ele não sabe nomear. Após alguns minutos sentiu a vida ir junto com o sangue e desfalesceu.
            Tempos depois, acordou num abrigo, deitado ao chão. Sentia-se estranho e diferente, mas seu aspecto não havia mudado nada e ainda sentia o coração bater e respirava normalmente. Seria apenas um pesadelo?
Depois de alguns instantes, sentu um desespero incontrolável... precisava de algo! Algo para comer e saciar sua fome, mas não de comida!
Um ser esquisito e com um olhar amedontrado chegou perto dele, deixou um jarro próximo com um copo e saiu correndo. Despejou o conteúdo da jarra no copo e havia algo que jamais seria água, nem mesmo das mais barrentas. Era espesso, vermelho, quente: SANGUE. Mais do que depressa, seus caninos saltaram para fora e bebeu todo o conteúdo da jarra e se sentiu muito bem com aquilo. Havia sido transformado em um vampiro...
            Estava confuso e atordoado com tudo... sangue! Ele havia bebido sangue e gostado! O Ancião reapareceu e lhe esclareceu tudo. Os saques realizados as aldeias eram sempre a procura de alimentos. O único detalhe é que o alimento eram os próprios humanos. Haviam alguns humanos que eram mantidos como "gado" pela tribo e serviam de reserva de sangue. Alguns grãos eram levados para alimentar esse "gado", que era conhecido como "carniçal". Mistura de servente com comida. Ele explicou também tudo que sabe sobre o clã Gangrel, sua criadora Enoia e outros fatos. Aprendeu a se virar... caçar, espreitar, aprimorar seus poderes. Sempre sob a tutela do seu intrutor, seu Senhor. Ele se chamava Drakkon e deve a ele tudo que sou, tanto de "bom" quanto de "ruim". Ele é culpado pela sua condição e mesmo assim deve muito a ele.
Passou longos 78 anos sob sua tutela. O mais engraçado disso tudo é que o tempo perde sua importância pois não envelhecerá jamais e passará a eternidade sob as sombras das cidades e dos campos, vendo seus então amigos perecerem como foi com os seus cães.
Em 1323, deixou o vilarejo a procura de um sentido para isso tudo que lhe acontecera. Eles lhe forneceram algum equipamento para a jornada e 4 shillings que ajudaram muito no começo, principalmente para reparar sua cabana e comprar algumas coisas.
Ele conseguiu com certo esforço retornar a sua antiga vila e tudo havia mudado. Todos que conhecia haviam ou morrido ou desaparecido mas não se recordava de nenhum antigo morador da vila como carniçal. Enfim, era mais um estranho viajante no vilarejo que agora era um pouco maior, mas que no entanto era olhado com indiferença e até desprezo pela população, pelo seu aspecto "tribal".
Dois anos se passaram... e sua vida continuava na mesma. Todos os dias ia atras de comida para saciar sua miserável carcaça. Tudo, porém, iria mudar...
            Foi passado a ele por Drakkon que para os mortais seria apenas mais um. A natureza vampírica deve ser um segredo que jamais deve ser descoberto para a própria segurança. Nos últimos tempos, tem sido dificil esconder isso, pois padres, sacerdotes e um grande parte da nobreza resolveram investigar os casos de morte e desaparecimentos estranhos que estavam acontecendo em La Rochelle. Seus faros logo apontaram para os vampiros, pela descrição das vítimas: "Marcas de presas na região do pescoço, pouco sangue" e etc.
Numa noite, após se alimentar de um mendigo, que mal sabia o que estava acontecendo, Haveron viu uma figura esguia andando pelas ruas: um homem de capuz preto, altamente suspeito. Sentia cheiro de vampiro! Ele andava calmamente e nem se dava conta do tumulto que se formara mais adiante: uma moça loira morta. Um grupo de soldados veio em sua direção e o prendeu:
Você está preso por assassinato e será julgado. – Eles disseram.
Viu o tal mendigo o acusando de ir para cima da tal moça e tentar agarra-la a força. Disse que havia um equívoco mas foi em vão pois ele era uma testemunha, ainda sem muita credibilidade. Ora, eles precisavam de alguém para culpar pelos assassinatos... ah realmente muito cômodo!
Seu julgamento foi mais do que justo: CULPADO pelas mortes. Sem chance de argumento ou qualquer outra defesa. Sentença: MORTE. Não haveria mais saída, ou fugiria ou esperaria a morte... que não ocorreria, dada a sua natureza.

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